Enquanto boa parte das famílias ocidentais começa a achar muito bonito passar a vida sem se preocupar com essa inconveniência que as antigas, primitivamente, consideravam a maior benção que poderiam receber, o futuro da humanidade parece encaminhar-se cada vez mais para as mãos dos que ainda vêem esse velho hábito de gerar filhos, muitos filhos, como inegociável — que são os religiosos. No entanto, para evitar a tragédia anunciada, isto é, para evitar que o mundo seja tomado por novas gerações de crianças educadas por pais fundamentalistas, já que eles mesmos, os moderninhos, negam-se a povoar a terra com crianças esclarecidas desde o berço, crianças que, a depender do zelo de alguns, nunca chegariam a acreditar em Papai Noel, perceberam que deveriam exigir a marginalização de qualquer educação infantil que não fosse a deles, que não fosse «laica», e que não ensinasse, afinal, o que eles não ensinariam aos próprios filhos, caso os tivessem. De modo que não querem simplesmente deixar de tê-los — uma vez que eles nada fazem além de impedir que jovens casais vivam com conforto em apartamentos de apenas um quarto e se dediquem a suas promissoras carreiras —, mas querem, além disso, regular o conteúdo da educação dos que os têm.
[Publicado originalmente aqui.]
terça-feira, 14 de outubro de 2008
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Um comentário:
Laicidade é um direito, eu exijo isso na educação de meu filho, quando for maduro, quando crescer intelectualmente escolher se quer ou não aceitar as doutrinas religiosas, a sua escolha, e não a escolha de doutrinadores. Eu tenho um filho de 4 para 5 anos, e procura ávido uma escola particular laica, com propostas pedagógicas reais, com conteudo sadio e ao qual meu filho não tenha que escquecer por ser ideias primitivas e ultrapassadas desse ou daquela religião, religião é pessoal, é individual e não deveria ser usado como fundamento de ensino, alias não é ensino é uma doutrina, um treina para seguir esta ou aquela, e sempre, como vejo, na sociedade hipócrita que vivemos, a discriminação, a intolerância e a manifestação do asséio religioso. Religião deveria ser proibida para menores e que os adultos escolham quando adultos, se isso serve ou não para eles.
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