sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Os Horrores da Cultura Pentecostal: Pregadores Mirins

O pastor Ciro Zibordi postou em seu blog que os pais de pregadores mirins devem permitir que suas crianças tenham uma vida normal; isto é, que crianças pregadoras devem ter tempo para serem crianças, não devem ser arrastadas por um circuito de shows/pregações em igrejas. Mas que é perfeitamente ok colocar uma criança no púlpito.

Eu discordo. Esta mania perversa de treinar crianças pregadoras não apenas traumatiza as crianças¹, mas prejudica a própria igreja ao fazer uma criança assumir a maior responsabilidade de todas no culto evangélico: expor a Palavra de Deus. É uma banalização horripilante daquilo que nosso culto tem mais precioso.

Mas como uma afirmação tão auto-evidente e óbvia como esta ainda será disputada por algumas pessoas, aí vão quatro motivos pelos quais é uma péssima idéia colocar crianças no púlpito.

1) A pregação requer exegese do texto bíblico. Pregar não significa gritar palavras de ordem para uma multidão. Pregar não significa esbravejar contra a igreja por ela não ser pentecostal o suficiente², ou santa o suficiente. Pregar é expor a palavra de Deus, é pegar um texto bíblico e tentar trazer o significado dele para seus ouvintes. Exegese requer paciência, disciplina, leitura cuidadosa dos textos. Requer atenção para o contexto histórico e cultural de cada passagem, atenção para os temas teológicos envolvidos, atenção para as formas em que cada texto é usado em outras passagens. Requer atenção para possíveis erros de interpretação, atenção para as formas em que cada texto tem sido interpretado em quase vinte séculos de tradição cristã. É uma atividade demorada, complexa, e intelectualmente exigente. Existem muitos adultos (e adultos piedosos, santos, e inteligentes) que não possuem o cuidado, a paciência ou a capacidade que a exegese requer; é impossível esperar isto de uma criança. Uma criança pode repetir uma história bíblica; ela pode gritar no microfone as ordens que Paulo dá em suas epístolas; mas ela não tem a capacidade intelectual de extrair do próprio texto sua mensagem, e de relacionar a mensagem deste texto com a totalidade da doutrina cristã e com a vida dos ouvintes.

2) A pregação requer a organização das idéias do texto num discurso inteligível e coerente. Proponho um experimento aos defensores dos pregadores mirins: peguem uma criança de oito anos, e façam-a ler algum texto da antiguidade pagã; pode ser o Épico de Gilgamesh ou a Ilíada, ou qualquer outro. Agora peça-a para instruir um grupo de adultos (que todos leram estes textos antigos há anos, alguns já mais de vinte vezes) a seu respeito. Você acha que esta criança faria um trabalho minimamente competente em expor o significado deste texto pagão? Então como você espera que ela faça o mesmo com o texto que é, em nossa fé, a revelação do próprio Deus? Mesmo se admitirmos que ela tem a capacidade de entender plenamente o que foi escrito pelos autores bíblicos (e eu já disputei esta idéia no ponto anterior), você realmente acha que a criança tem capacidade para organizar as idéias do texto, e educar um grupo de adultos quanto ao seu significado e aplicação para hoje? Você já aprendeu algo de um sermão pregado por uma criança? E olhe que na maioria dos casos a organização das idéias do texto para o formato do sermão nem é feita pela criança, e sim seus pais. Os pais da criança infeliz preparam um sermão, e então fazem a criança repetí-lo. Isto não é pregação. Se isto for pregação, então um papagaio treinado para repetir as mensagens de Spurgeon³ também é um pregador. A acusação do Pr. Zibordi, que existem algumas crianças que são somente pequenos animadores de auditório, ignora o problema real: que toda criança pregadora é, de uma forma ou outra, uma pequena animadora de auditório. Algumas animam o auditório gritando espalhafatosamente; outras pela repetição mecânica de um sermão ensaiado com os pais; mas nenhuma criança realmente pode pregar o evangelho.

3) A pregação requer experiência de vida. Eis algo tão óbvio que tenho vergonha até de escrevê-lo: a aplicação de um texto para as realidades e necessidades da congregação requer uma compreensão básica das realidades e necessidades da congregação! Uma vez que o texto bíblico foi compreendido, e sua mensagem foi comunicada, como uma criança de nove anos poderia fazer esta mensagem aplicável aos seus ouvintes? Como pregar uma palavra de consolo quando a sua maior tristeza na vida foi ser proibida de ver o show dos Jonas Brothers? Como pregar sobre a alegria no Senhor quando sua única compreensão de alegria é em termos de brinquedos e doces? Uma criança não entende (ainda) as dificuldades diárias que 99% das pessoas experimentam. Uma criança nunca sentiu dúvida em seu coração; nunca soluçou uma oração desesperada por uma cura que nunca veio; nunca maravilhou-se da graça que perdoa pecados porque ela própria não entende o quanto é pecadora, e o quão desesperadamente necessitamos da misericórdia de Deus. Não estou dizendo que apenas velhinhos que já provaram de tudo da vida podem pregar; não estou dizendo que homens solteiros não podem pregar a homens casados, ou que é proibido pregar em funerais até que alguém de sua família morra. Mas vamos todos admitir que a autoridade moral de um pregador é oca até que ele tenha um reservatório de experiências pessoais ao qual ele pode voltar para extrair uma aplicação ao texto. Este é um motivo pelo qual pregadores mirins são ridiculamente impiedosos: gritam com os irmãos; exigem que as pessoas dêem glória a Deus por alguma promessa vazia, conjurada entre um segundo e outro de uma passagem mal interpretada; urram que a vida cristã consiste apenas de vitórias; ridicularizam os fracos, desafiam impudentemente os calados. É muito fácil exultar na idéia de que a vida do crente é uma de ininterruptas conquistas espirituais, milagres e bençãos quando só se provou uma única gota (se tanto) do cálice de tentações, decepções e amarguras que cada um de nós precisa tomar até o fim.

4) A pregação requer uma vida com o Espírito Santo. Não estou falando de dons espirituais ou de fenômenos pentecostais; estou falando de santidade, de vencer diariamente a tentação diária, de amar a Deus mais do que a si mesmo. Estou falando de maturidade espiritual, de intimidade com o Senhor, de uma vida compromissada com Jesus Cristo e sua Igreja. O pregador não é apenas um expositor da Palavra; ele é um homem santo, um servo do Senhor, um emissário de Deus. O púlpito não é, e não deveria ser, um espaço democrático, mas o lugar onde uma pessoa chamada por Deus desempenha uma função sagrada. E isto requer não apenas o preparo e a experiência de vida que mencionei acima, mas experiências com Deus- de sua misericórdia, de seu poder salvador, da beleza do Senhor- que vão além de orar ao papai do céu toda noite. Não estou dizendo que crianças não podem amar a Deus; mas maturidade espiritual requer também maturidade intelectual e emocional. Em I Co. 3, Paulo criticou os coríntios por serem criancinhas em Cristo; o que ele diria se soubesse que fizemos de criancinhas de verdade os pregadores daquilo que ele, inspirado pelo Espírito Santo, escreveu? Quando se tornou permissível que os membros mais imaturos da igreja assumissem a autoridade do púlpito?
______________________________

¹ E arruina a fé delas no processo. Ou ninguém lembra de
Marjoe Gortner?
² Uma das marcas do pregador canalha: exigir que seu público a aplauda e dê glória a Deus pelo que ele acabou de dizer. E minha pentecostalidade é medida pela quantidade de améns e aleluias que eu grito durante uma pregação?
³ É um papagaio reformado.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Agostinho: Mateus 5:16

Let your light, says He, so shine before men, that they may see your good works, and glorify your Father which is in heaven. If He had merely said, Let your light so shine before men, that they may see your good works, He would seem to have fixed an end in the praises of men, which hypocrites seek, and those who canvass for honours and covet glory of the emptiest kind. Against such parties it is said, If I yet pleased men, I should not be the servant of Christ; and, by the prophet, They who please men are put to shame, because God has despised them; and again, God has broken the bones of those who please men; and again the apostle, Let us not be desirous of vainglory; and still another time, But let every man prove his own work, and then shall he have rejoicing in himself alone, and not in another. Hence our Lord has not said merely, that they may see your good works, but has added, and glorify your Father who is in heaven: so that the mere fact that a man by means of good works pleases men, does not there set it up as an end that he should please men; but let him subordinate this to the praise of God, and for this reason please men, that God may be glorified in him. For this is expedient for them who offer praise, that they should honour, not man, but God; as our Lord showed in the case of the man who was carried, where, on the paralytic being healed, the multitude, marvelling at His powers, as it is written in the Gospel, feared and glorified God, which had given such power unto men. And His imitator, the Apostle Paul, says, But they had heard only, that he which persecuted us in times past now preaches the faith which once he destroyed; and they glorified God in me.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Terra santa

Uma igreja não é um prédio; é a comunidade, são as pessoas que a compõem. Sendo assim, as pessoas não vão para a igreja aos domingos; elas reunem a igreja aos domingos. Embora a igreja sempre exista, mesmo se os membros da igreja estão isolados uns dos outros, o prédio onde ocorrem cultos, vigílias, batismos, etc só existe como "igreja" quando a igreja (sem aspas) está reunida dentro dela.

É por isso que todo lugar pode se tornar uma igreja. Um quarto de hospital pode ser um templo. A mesa da cozinha onde partimos o pão torrado pode ser também o altar em que partilhamos o corpo de Cristo. O místico se lança de cara ao chão da igreja, esparrama-se para gemer e orar; e eu faço o mesmo, caio sobre minha cama e imploro a Deus que tenha misericórdia de mim por apenas mais um dia. Onde dois ou três estão reunidos em seu nome, lá está Jesus, Deus sobre nós e entre nós e dentro de nós. Eu e você e você reunidos, e agora somos a casa de Deus, e somos da casa de Deus, e entramos na casa de Deus. E Deus, anfitrião cuidadoso que é, pede que removamos os sapatos antes de pisar no chão limpo. Tira as sandálias dos teus pés, pois o lugar em que tu estás é terra santa.

E é por isso que não entendo (aliás, entendo, mas não concordo com) a indignação que algumas pessoas tem com atividades inócuas que ocorrem dentro da "igreja", o prédio onde a igreja se reúne. Fizeram uma festa na igreja! Abriram uma banquinha pra vender salgadinho na igreja! Os jovens vão brincar de luta livre na igreja! Vi um casal se beijando na igreja! Vi o irmão entrar de bermuda na igreja!

E daí? Estão interrompendo um culto, um círculo de oração, qualquer atividade na qual a igreja se reúne como igreja? Não? Então deixem-os em paz. Não existe irreverência para com um prédio- o prédio não é solo sagrado- mas apenas para com a presença de Deus entre aqueles que se reúnem em seu nome. A "igreja" sem a igreja é apenas um salão; então deixe a igreja fazer o que bem entender com ela.

sábado, 19 de setembro de 2009

The Martyrdom of Polycarp

They did not nail him then, but simply bound him. And he, placing his hands behind him, and being bound like a distinguished ram taken out of a great flock for sacrifice, and prepared to be an acceptable burnt-offering unto God, looked up to heaven, and said,

"O Lord God Almighty, the Father of your beloved and blessed Son Jesus Christ, by whom we have received the knowledge of You, the God of angels and powers, and of every creature, and of the whole race of the righteous who live before you, I give You thanks that You have counted me, worthy of this day and this hour, that I should have a part in the number of Your martyrs, in the cup of your Christ, to the resurrection of eternal life, both of soul and body, through the incorruption imparted by the Holy Ghost. Among whom may I be accepted this day before You as a fat and acceptable sacrifice, according as You, the ever-truthful God, hast foreordained, hast revealed beforehand to me, and now hast fulfilled. Wherefore also I praise You for all things, I bless You, I glorify You, along with the everlasting and heavenly Jesus Christ, Your beloved Son, with whom, to You, and the Holy Ghost, be glory both now and to all coming ages. Amen."

When he had pronounced this amen, and so finished his prayer, those who were appointed for the purpose kindled the fire. And as the flame blazed forth in great fury, we, to whom it was given to witness it, beheld a great miracle, and have been preserved that we might report to others what then took place. For the fire, shaping itself into the form of an arch, like the sail of a ship when filled with the wind, encompassed as by a circle the body of the martyr. And he appeared within not like flesh which is burnt, but as bread that is baked, or as gold and silver glowing in a furnace. Moreover, we perceived such a sweet odour coming from the pile, as if frankincense or some such precious spices had been smoking there.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Volta, Princesa Isabel!

João Santos: Ah rapaz, todo mundo já está casado ou casando
o Éber já vai casar, o Nagel casou
e seu filho nasceu bem depois de eu conhecê-lo, sua vida de homem sério já antedata nossa amizade
só sobrou um que ainda não dobrou joelho a Baal
Igor Barbosa: sim, apenas um de pé na fornalha ardente.
João: É melhor casar do que queimar *
ou, como já li- e achei a tradução mais caliente- "melhor casar do que viver abrasado"
Igor: sim. quando vc for pedir uma chica em casamento leve um cigarro aceso.
se ela recusar, queime-a e diga que é melhor casar que viver queimando
João: "Melhor casar do que viver queimando"
melhor slogan para converter gays ever
mas hey, eu nem poderia fazer isso em São Paulo
porque passaram a abominável lei antifumo
e agora é proibido fumar em bares e restaurantes
daqui a pouco vai ser proibido beber e conversar também
Igor: em SP, até São Paulo é desenhado como um gay - vc me mostrou isso.**
João: é a institucionalização da pussíce, "the pussification of the american male" descrita pelo G. Carlin
que já se extende aos seus companheiros latinos
Igor: o macho paulistano já era bem pussificado, a ponto de votar no Serra sabendo que era disso que ele gostava
João: O Serra é gay também?
Igor: não, não quis dizer isso
se bem q, né. não estranharia
só quis dizer que o Serra sempre anunciou que pretende proibir o fumo até em marte, se deixarem
João: bleh
Igor: hombre, eles proibiram até as coxinhas nas cantinas das escolas
João: COXINHA? PROIBIDA?
Igor: sim. no sabes?
João: que bastardos!
Igor: frituras
certos doces, também - cintia me lembrou dos chiclets
lembre disso: se for mandar seu filho estudar em SP, ele não vai poder comer uma coxinha no recreio
nem um risole, nem um kibe
as crianças serão criadas entre granolas, ovos cozidos, pão integral com queijo minas e iogurte
João: e nem poderão fumar no portão da escola
Igor: mas se quiserem, há camisinhas gratuitas na maquininha.
BOA, GOVERNO
João: High-five, estado!
Igor: VALEU, REPÚBLICA! CHUPA, DOM PEDRO II!
João: meh. é o que já dizia o apóstolo João: o mundo jaz no maligno.
E lembrei agora aquela nossa velha discussão sobre política no PC, hehe.***
Igor: é pq eu sou o Jackson de Figueiredo
se há buracos nas ruas, culpa da república.
se o governo proibe coxinhas e estimula sexo casual sodomita seguido de gravidez e aborto com aids entre adolescentes, maldita república
se eu tenho uma dor de cabeça, volta, Princesa Isabel!
João: hehehe
Ela pelo menos libertou os escravos
o que Serra já fez?
Igor: já libertou os próprios cabelos de viverem perto de seu cérebro MALÍGUINO
João: HAHAHAHA
Viva as piadas de careca!
(pelo menos até que eu vire mais um maldito calvo)
(estou ficando careca, mi hermano. já sinto em minh'alma)
Igor: vc sempre pode comprar uma peruca
ou viena hair.
ou trocar de nome para "IOHANNIS CALVINUS, MESTRE EM CIÊNCIAS TEOLÓGICAS"
bem original
João: Calvino, o anti-calvinista
that has a nice ring to it.
_____________________________
* 1 Coríntios 7:9
** Oh yes. É verdade.
*** Discussão na qual o Igor, talvez pelo prazer de me irritar, defendeu a monarquia e o voto nulo, e chamou o C.S. Lewis de escritor de segunda linha. Se quiserem ler os posts, cliquem no tag "política idiota" que vocês os acharão lá.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Até que o papa morra

João Santos: mas rapaz,
você sabia que o mapa que aprendemos na escola
está completamente errado?
Igor Barbosa: desconfiava.
algum indício mais óbvio?
João: aparentemente ele foi desenhado por imperialistas eurocentricos que buscavam encolher os países do terceiro mundo
e aumentar o tamanha dasorópa
Igor: HAHAHAHAHAHA
João: essa foi minha reação inicial também
até que... see for yourself
http://en.wikipedia.org/wiki/Mercator_projection
esse é o mapa tradicional
Igor: ah, a projeção de mercator
João: esse seria um mapa mais correto:
http://en.wikipedia.org/wiki/Gall-Peters_projection
confira o tamanho monstruoso da África e da América do Sul
o Brasil tá maior que a China nesse mapa
Igor: "The Gall-Peters achieved considerable notoriety in the late 20th century as the centerpiece of a controversy surrounding the political implications of map design"
João: sim
Igor: parabéns, Descartes, você venceu
João: a questão é que o mapa Mercator infla o tamanho de terras para o norte e sul do equador enquanto no mapa maluco (o segundo) o tamanho de cada continente representa sua área real, sem distorções
pelo menos é o que diz a wikipedia
e a wikipedia nunca mente.
Igor: isto é um argumento.
João: se tivessem redesenhado o mapa
e dissessem "Hey, pessoal, parece que estivemos errados esse tempo todo! ha ha! Que loucura!"
não causaria confusão
o que causa confusão é...
well, vou citar aqui pra você o que a wikipedia diz
"The Mercator projection increasingly inflates the sizes of regions according to their distance from the equator. This inflation results, for example, in a representation of Greenland that is larger than Africa, whereas in reality Africa is 14 times as large. Since much of the technologically underdeveloped world lies near the equator, these countries appear smaller on a Mercator, and therefore, according to Peters, seem less significant. On Peters's projection, by contrast, areas of equal size on the globe are also equally sized on the map. By using his "new" projection, poorer, less powerful nations could be restored to their rightful proportions."
Igor: mas isso é um fato conhecido, que é impossível projetar uma esfera num plano com completa precisão
João: O que o mapa diz é "Tá vendo como você é minúscula, sua Europa prepotente??? CURVE-SE PERANTE THE MIGHTY WRATH OF AFRICA."
Igor: não só temos pênis maiores, nossas nações são maiores também
João: mas hey! isso significa que o Brasil é maior também
uhu!
Igor: por justiça, nosso time de futebol tem que entrar com 14 jogadores na próxima copa do mundo
João: amém
aliás, onde está nossa cadeira no Conselho de Segurança da ONU?
somos maiores que a China e os EUA! Somos quase do tamanho da Rússia!
Igor: vamos pegar os EUA na saída podemos roubar o lanche da europa inteira
João: hehehehe
Que século chinês o quê
a próxima mega-potência será o BRASIL
nossos deputados roubarão verbas para a construção de escolas NA AUSTRÁLIA
Antônio Carlos Magalhães VI vendeu segredos nucleares em troca de quatro concessões de rádio na Bahia!
o presidente do senado foi acusado de incitar guerras civis na Europa central!
Senhor Jesus, proteja o mundo de um dia o Brasil adquirir qualquer medida de poder.
Igor: Nah. Esta grande nação católica liderará o mundo no alvorecer da nova Cristandade
ou isso, ou o mundo inteiro dançará o tchan embaixo das cimitarras muçulmanas
mas isso eu digo: se sobrevivermos aos muçulmanos, o Brasil liderará a reconquista e a nova cristandade
João: Melhor ainda: a maior população pentecostal do planeta (hey, that's us!) fará do mundo sua paróquia
sim, eu sei que usei uma expressão metodista para descrever nossa conquista do globo
mas what the hell, somos cria dos metodistas mesmo
John Wesley influenciou, sozinho, a teologia das igrejas pentecostais mais do que qualquer autor pentecostal, vivo ou morto
Igor: hey, até que o papa morra e outro não assuma
o termo "paróquia" é de origem católica
João: sim, sim, eu sei.
hehe.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A teologia é para todos?

Not to every one, my friends, does it belong to philosophize about God; not to every one; the Subject is not so cheap and low; and I will add, not before every audience, nor at all times, nor on all points; but on certain occasions, and before certain persons, and within certain limits.

Not to all men, because it is permitted only to those who have been examined, and are passed masters in meditation, and who have been previously purified in soul and body, or at the very least are being purified. For the impure to touch the pure is, we may safely say, not safe, just as it is unsafe to fix weak eyes upon the sun's rays. And what is the permitted occasion? It is when we are free from all external defilement or disturbance, and when that which rules within us is not confused with vexatious or erring images; like persons mixing up good writing with bad, or filth with the sweet odours of ointments. For it is necessary to be truly at leisure to know God; and when we can get a convenient season, to discern the straight road of the things divine. And who are the permitted persons? They to whom the subject is of real concern, and not they who make it a matter of pleasant gossip, like any other thing, after the races, or the theatre, or a concert, or a dinner, or still lower employments. To such men as these, idle jests and pretty contradictions about these subjects are a part of their amusement.

O trechinho acima é do Gregório Nazianzeno; estou preguiçoso demais para traduzir agora, e a tradução inglesa é tão mais elegante do que qualquer tradução que eu faça por aqui. Mas eis uma pergunta válida: há qualquer proveito em discutir Deus e as coisas de Deus com pessoas que levam tudo na frivolidade?

E é curioso que Gregório desencoraje os frívolos de especularem a respeito de Deus não para preservar a doutrina correta, mas para proteger os próprios desrespeitosos do poder daquilo que eles tratam tão casualmente. Gregório vira a idéia de Mateus 7:6 de ponta-cabeça: pérolas não devem ser lançadas aos porcos- não porque os porcos as esmagarão com suas patas, mas porque há o risco dos porquinhos engasgarem nelas.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Da Vergonha de Ser Evangélico

Este post do Augustus Nicodemus e uma conversa de ontem com a Laila me fizeram pensar das vezes em que já senti vergonha de ser evangélico. São tantas coisas que provocam esse sentimento. As calhordices dos bispos e apóstolos cujas ovelhas existem apenas para a tosqueia. O anti-intelectualismo que glorifica a burrice barulhenta. Os evangelistas e cantores cujo status de superstar dentro das igrejas denuncia nossa ignorância e vulgaridade. A chatice de nossa música, nossos romances, nossos filmes, que tão raramente demonstram qualquer vestígio de brilho ou originalidade, mas são apenas cópias de cópias de arte secular- e má arte secular. A banda que é o Blink-182 evangélico; o Calcinha Preta gospel; os funkeiros da fé.

O problema é que mesmo enquanto enrubescemos de vergonha com as safadezas e cretinices do mundo evangélico, estamos engolindo a mentira de que ser evangélico é isso que os apóstolos e as bispas e os baderneiros representam. E não é. O problema é que nós deixamos os falsos pastores e os vendedores da fé se posicionarem na sociedade como os porta-vozes do mundo evangélico. Nós- com nossa ausência, nossa apatia, nossa falta de vontade de colocar a cara para bater- deixamos que a moeda falsa passasse por verdadeira, e que essa corja desonesta se fizesse o rosto do evangelicalismo brasileiro.

Daí vem os iluminados, os sábios entre nós que, no desespero de serem confundidos com a turba burra, já vão esclarecendo que não são evangélicos. Esses batistas, assembleianos, presbiterianos, metodistas tropeçando um sobre o outro na pressa de dizer que evangélicos são os outros. Eu não sou evangélico, sou seguidor de Cristo. Eu não sou evangélico, sou reformado. Eu não sou evangélico, sou protestante. Eu não sou evangélico, sou cristão. Já abandonamos o termo "crente"- qual foi a última vez que você ouviu alguém dizer, em público, "Eu sou crente"?- e agora estamos abandonando o termo evangélico, para não sermos jogados no mesmo balaio que os neopentecostais. Trememos de medo da reprovação alheia, dos olhares de zombaria, das perguntas do tipo "Mas você não acredita realmente que _______, acredita?"

É um ciclo. A liderança cínica de algumas igrejas propaga algum absurdo, nós escondemos num cantinho com vergonha, disfarçamos que não somos evangélicos- e você não me engana, seu batista que acha que beber cerveja é pecado, você É evangélico- e os charlatães consolidam-se como as vozes mais conhecidas (e logo, se não tomarmos cuidado, serão as únicas vozes) do evangelicalismo no discurso público.

Já chega. Estamos cansados de sobrar pra nós- crentes sérios, tolerantes, amantes de Deus, servos da Palavra- quando esses ladrões aprontam? Então vamos abrir a boca. Vamos confrontar essas pessoas, vamos expor seus enganos, vamos mostrar que ser evangélico não significa ser um idiota. Vamos dar uma surra de Bíblia nesse povo. Vamos mostrar que arte crente não precisa ser- ora raios, nunca deveria ter sido- derivativa. Vamos boicotar a marcha pra Jesus.

E vamos nos chamar, sim, de evangélicos. De crentes. E dessa vez, sem vergonha.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

O problema

Estive me perguntando porque tenho tanta dificuldade para escrever nesse blog. Quem sabe se eu expor os motivos em consigo exorcizá-los.

O que me congela os dedos no momento em que os deito sobre o teclado?

1) A realização de que, se o assunto é teologia, 99% do que pode ser dito sobre qualquer coisa já foi dito, e o 1% restante é para mentes muito acima da minha. Sempre tenho medo de, no momento em que eu começar a discutir algum conceito teológico que me parece interessante, ter a aparência de algum primeiro-anista explicando pedantemente o que significa eleição. E, aliás, se as próprias idéias pelas quais sou apaixonado são as que sempre me fascinaram- trindade, cristologia, etc- (e sim, também eleição), o quão diferente sou eu do primeiro-anista exibido?

2) O medo de ser didático. Eu não quero ser educativo no blog. Ensinar já é o que faço todo dia na sala de aula, agora vou ensinar aqui também? Mas falar de teologia já é cair na educação, porque a igreja brasileira é teológicamente analfabeta, e pra discutir qualquer doutrina precisamos antes de mais nada explicar o que ela é. Ou o que ela realmente é. O problema é universal. Quantas vezes o calvinista precisa explicar que perseverança dos santos não significa que se pode viver uma vida moralmente irresponsável? Quantas vezes o católico precisa explicar que venerar os santos não significa adorá-los?

3) O desinteresse em assuntos fora da teologia. O que me assusta é o quanto estou mais interessado na Bíblia e na tradição cristã hoje do que era quando estava no primeiro ano do seminário. A Bíblia se tornou uma espécie de velha amiga, uma companheira de infância com a qual estou tão acostumado, tão conhecedor de suas idiossincracias e tiques, belezas e profunidades discretas. Os nomes que existiam na lousa e nos livros de história da teologia se tornaram heróis e confidentes, leitores de mentes e professores particulares. Agostinho um companheiro de oração, que sabe, assim como eu, o quanto os pecados sussurram "Nunca mais? Você nunca mais terá conosco?" até nos momentos em que mais nos aproximamos de Deus. Irineu um místico sentimental e severo, combinando e mesclando alegorias como se fossem memórias distantes, um pastor forçado a ser apologeta por amor aos seus, um amante forçado a ser guerreiro. Atanásio é o guerreiro nato, um cruzado armado com a espada da Palavra e o escudo da Trindade; e então ele remove sua armadura e maravilha-se, com a meiguice e surpresa de uma noiva, com o amor maravilhoso do Verbo Divino. Calvino, a quem eu odiava tão intensamente como um adolescente que rejeitava sua soteriologia por instinto, e não por qualquer motivo doutrinário- Calvino é meu professor de teologia, que me desafia a discordar, que me inspira pela fome e gosto com que ele mergulha na Bíblia. E em muitos casos- mais do que eu gostaria de admitir- acabo concordando com o velho bode. Barth é como um bom amigo-d0-msn, que ora me faz dar soquinhos no ar de aprovação, ora me deixa acordado de noite imaginando contra-argumentos; Ele é um desgraçado, mas um bom desgraçado. E até os maus desgraçados são bons, apenas pelo prazer de refutá-los mentalmente.

Aqui está o problema: não é que eu não me interesse mais em política ou música ou filmes, é que eu não quero escrever sobre essas coisas. Quero escrever sobre a Bíblia, e sobre a salvação, e sobre a trindade, e sobre as naturezas do Senhor Jesus. Mas se faço isso, serei derivativo- quem sou eu, além da soma de minhas influências?- e pedante. Enfim, um mero professor, um popularizador de tesouros descobertos e catalogados por outros. E isso me desanima, rouba todo meu entusiasmo inicial.

Eu achava que ao final deste post eu acharia uma resposta, algum alívio. Algo interessante, pelo menos, com o qual pudesse encerrar o post. De qualquer forma, é apenas isso que tenho a dizer.

domingo, 6 de setembro de 2009

Love Feast

Saio do silêncio por um momento para anunciar o que o Éber, em sua modéstia, nem quis colocar no blog: ele vai se casar hoje. Parabéns, meu irmão. Que seus filhos sejam viris, e suas filhas castas.

Agora vão pro blog da família do Sr. e Sra. Éber Freitas Dias e comprem muitos presentes para eles.