sexta-feira, 10 de julho de 2009

Feliz Aniversário, Calvino

Quinhentos anos atrás neste dia nasceu João Calvino, o mais malvado (e brilhante) dos reformadores.

Do mais bastardo de seus filhos, feliz aniversário, seu queimador de heréges!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Suplicantes

O publicano feliz peca, faz
do roubo respeitabilidade.
Seus olhos tudo enxergam com a
astúcia das aves de rapina.
Moedas como figos, dinheiros
como pães, vítimas como filhos,
filhos como bocas. O preço é
traição aos pais, ao sangue do irmão.
Com esposa estrangeira e seus
escravos compatriotas, sua fé
existindo quando há problemas,
Deus existindo para os resolver.

Infeliz peca o fariseu, faz
da noite sua capa, do escuro
seu escudo, do coração o seu
esconderijo. Seus olhos vêem,
pelas lentes da lei, a justiça
impossível: o ódio a si
torna-se logo ódio aos seus,
seus pares e seus inferiores.
"Sente-se aos meus pés e aprenda
justiça, satisfaça o juiz."
O juiz que ele odeia, o
Deus que existe para condenar.

O publicano, honesto em sua
desonestidade, com lágrimas
implora o perdão da semana.
O fariseu, mentindo para Deus
tanto quanto a si mesmo, gaba
de sua justiça inexistente.
O juiz ouve um e ignora
o outro. Ao publicano perdão,
ao fariseu seu silêncio. Deus!
Tenha piedade do fariseu;
A gabolice do santo também
pode ser um gemido por graça.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Apareça

O João, com o post abaixo, até me convenceu a dar sinal de vida. Aproveito a inesperada aparição para explicar meu silêncio neste blogue. Silenciei-me aqui, em primeiro lugar, por não ser este um lugar dedicado a ninharias, que é tudo com que tenho ocupado meu tempo, nem tão precioso assim. Depois, como sou incapaz de acompanhar a graça do João, a profundidade do Igor e a atualidade do Éber, acabo me pondo de lado, lutando por passar despercebido, como o garoto que chega de pochete numa festa repleta de gente descolada. (Falo sério.) Tudo isso para concluir que o João é que não deveria se ausentar por tanto tempo. Pois é a ele que a imensa massa de leitores quer ver, não a nós, não a mim, simples coadjuvante. A verdade é que gostamos de lê-lo, homem. Apareça.

terça-feira, 7 de julho de 2009

You Ain't Going Nowhere

O que era para ser uma pausa de dois dias entre um post e outro (guardei um texto para postar mais tarde, e acabei deletando-o por acidente) se tornou o quê, uns oito mêses sem postar?

Não, este não é um post de adeus, não vou fechar esse blog. Estou decidido a nunca mais fechar um blog, porque já exauri minha cota de blogs para serem fechados arbitrariamente. Já chega, gosto daqui, gosto do nome, gosto dos meus companheiros, apesar do fato de que eles também (excetuando Éber, o fiel, o grande) abandonaram este lugar. Strap yourself to a tree with roots, you ain't going nowhere.

Porém: este não é um post de "Olá, aqui estou de novo!" Estou sem ânimo para escrever. Escrever já foi tão fácil, e agora as palavras são pesos mortos que tenho que arrastar para cima e para baixo. O trabalho roubou minha alegria de prazeres criativos; agora todas as minhas diversões são receptivas- são a televisão de noite, a música no carro, audiobooks em meu mp3, livros na cama.

Este é apenas um olá. Tenho saudade de ter um lugarzinho na internet, um ponto para expor minhas tolices. Mas não o suficiente para escrever regularmente, para sentir aquela obrigação chata na minha cabeça, "Já são quatro dias, oito dias, vinte dias, noventa dias desde que você postou nada. Escreve lá alguma coisa". Meu talento é raso, minha voz é medíocre, eu não sei escrever. Então é isso. Não é um olá, não é um adeus. É um até logo. Até o ano que vem, ou até a semana que vem. Só Deus sabe.