domingo, 14 de setembro de 2008

Hooligans auf Wittenberg und anderen dingen

* Antes de mais nada: Acabo de descobrir que Gustavo Nagel (nosso Melanchthon para as massas) apagou seu blog justamente quando eu queria consultar um comentário que tinha feito nele há mais ou menos um ano e meio, mas agora está perdido para sempre. Raios. Ele não nos avisou disso, mas que diabos, faço a propaganda assim mesmo: vão para seu novo blog e deixem comentários generosos, elogiosos e admiráveis.

* É incrível como os inimigos de nossas causas muitas vezes nos inspiram mais do que seus proponentes. Reli este fim de semana o A New Christianity for a New World do bispo Spong, um livrinho com esperanças tão malignas para o cristianismo que me faz perguntar se teólogos pós-modernos são da mesma espécie que eu, e me senti envigorado. O apóstolo Paulo nos diz que precisamos pensar naquilo que é agradável, e justo, e santo; mas também é verdade que a peçonha de um servo de Satanás como Spong me envenena o espírito na medida certa, é como um tônico para a mente. Aliás, este é um princípio quase universalmente aplicável: se você quer ser feliz e edificado, leia os autores que te guiam, que você tem como norte, e leia autores novos ou semi-conhecidos, que ainda tem algo para ensinar ou algo para te entreter. Mas se você quer uma musculação para a mente, se quer uma pedra para afiar seu raciocínio, se quer fazer ferver seu sangue até um estado de prontidão e alerta, leia autores que você já examinou, e descobriu sem sombra de dúvida que são destrutivos ou idiotas. Assista um filme que você odeia, leia a autobiografia de um maldito canalha, leia os arquivos de um blog que você detesta (pode muito bem ser este blog agora mesmo), e veja como os seus pensamentos correm, acelerados, amolados, como pequenas cimitarras em sua cabeça. E este é o segredo da longevidade: nunca deixe seu sangue tranquilo, parado, congestionando suas veias com colesterol e coagulando em sua cabeça. Uma pequena infusão diária de irritação ou pura indignação para acelerar sua circulação e purificar seu sistema é mais eficaz e saudável que qualquer vitamina; e as pequenas cimitarras no seu sangue limpam as veias e, ainda por cima, embranquecem os dentes quando saem pela boca. Experimente.

* E enquanto estamos no assunto de livros irritantes, também li A Língua de Eulália, de Marcos Bagno, e achei a coisa mais condescente e falsamente piedosa (daquela piedade secular, mas duplamente melosa e sentimental) que já li na vida. Mas posso estar enganado, pode ser que seja um livro sincero, e o próprio Marcos Bagno recebe todos os melhores conselhos, admoestações e lições de vida de sua cozinheira banguela semi-analfabeta; mas ora vamos, não estou errado, é um livro não apenas ruim, mas falsamente escrito. Eulália (a cozinheira banguela semi-analfabeta do livro) é descrita como uma pessoa tão maravilhosa e corajosa que eu esperava que a qualquer momento ela sumiria da cozinha e apareceria milagrosamente a três crianças em Fátima; mas ao mesmo tempo, a doutora protagonista -que, condescentemente e insuportavelmente ensina as três meninas burras que é ok falar errado- é uma santa que chama sua empregada pra morar em casa com ela e trabalha enquanto ela cochila. O autor com uma mão exalta seu ideal do proletariado sábio e nobre, que fala português do jeito que quer, e com a outra glorifica onanisticamente a imagem de doutores tolerantes e sapientes como ele, que acham a norma culta uma conspiração das elites e fingem que os pelos de seus braços não arrepiam quando ouvem alguém dizer "probrema". E o leitor fica como as três alunas burras: presos nos sermões moralizantes, manipuladores e socialmente responsáveis da doutora.

* O lado negativo é que enquanto paro para ler livros ruins, fico sem tempo para ler os bons; e mais, fico sem ânimo. Quero ler A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna, mas toda vez que sento para ler, olho para o tamanho do livro e desanimo, e deixo para outro dia, preferindo reler algum favorito, algum bom velho livro. E sei que se isto continuar por mais tempo, o Pedra terminará na mesma pilha que Os Irmãos Karamazov, Guerra e Paz, A Montanha Mágica, e todos os outros clássicos da literatura® que joguei de lado pra ler Catch-22 outra vez. Preciso que alguém que já leu o livro diga para mim que ele realmente é tão bom quanto seu título, e vale a pena ser lido.

* Este é agora, oficialmente, um de meus clips favoritos. Aliás, proponho para esta semana (se meus companheiros de blog estiverem dispostos a algo frívolo e besta) alguns posts listando os vídeos de youtube que vocês tem assistido ultimamente. Vamos, será divertido.

* Divulgação: Dos dias 17 a 19 de Setembro ocorrerá a IV Semana da Teologia na Faculdade Boas Novas, em Manaus. O tema deste ano é a pregação bíblica, e a semana contará com palestras do pastor Jorge Max e de vários professores da FBN, inclusive este que vos escreve, que fará o papel de besta falando sobre pregação narrativa. Se moram em Manaus e tem algum tempo livre, apareçam por lá.

* Existem dois tipos de pessoas no mundo: pessoas que ficam gratas a Jesus por salvá-las de seus pecados e pessoas que se sentem indignadas com a presunção de Jesus, de chegar assim querendo salvar as pessoas. As pessoas do primeiro grupo abjetamente confessam seus pecados e se lançam ás misericórdias de Deus; as pessoas do segundo grupo se sentem ofendidas com a insinuação de que são pecadoras e fracas, criaturas necessitando de um salvador. E curiosamente, a acusação das pessoas do segundo grupo contra as do primeiro é de que estes pecadores confessos e miseráveis imploradores de perdão são hipócritas, orgulhosos, e moralistas auto-satisfeitos. Hmm.

Um comentário:

Eber disse...

"E curiosamente, a acusação das pessoas do segundo grupo contra as do primeiro é de que estes pecadores confessos e miseráveis imploradores de perdão são hipócritas, orgulhosos, e moralistas auto-satisfeitos."

Estou me perguntado se isso é mentira... :P