Minha vantagem intelectual sobre os demais reside justamente no fato de eu me recusar a ler sobre aquilo a que me proponho pensar. Creio até que um Kant concordaria comigo neste particular, embora eu mesmo nunca lhe tenha lido uma página sequer. E com apenas isso excedo em inteligência a todo e qualquer acadêmico que tenha dedicado anos e anos ao estudo do filósofo alemão. (Notem como até conheço sua nacionalidade.) O erro de nossos dias é confiar na informação. É confiar nos informados. É interessar-se pelo que o especialista em política internacional acha disso e daquilo, enquanto o melhor caminho seria descobrir, por conta própria, o que diabos leva alguém a ocupar-se disso e daquilo. Porque o bom desenvolvimento intelectual depende do esforço imaginativo, depende da tentativa de se descobrir qual terá sido o argumento de determinado filósofo sobre determinado assunto — sem lê-lo. Pois, do contrário, tudo se tornaria demasiado simples. Tomaríamos um livro, passaríamos horas sobre ele, e acabaríamos todos, miseravelmente, professores universitários.
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quinta-feira, 18 de setembro de 2008
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5 comentários:
O bom desenvolvimento intelectual depende do esforço imaginativo, concordo; o erro dos nossos dias é confiar na informação — concordo — mas não é um erro ter a informação vinda desses vários informados.
Sigo esse seu esquema, de não ler nada sobre o assunto, com coisas que posso experimentar diretamente, a saber, livros, peças, filmes, quadros — primeiro analiso e me instruo por mim, e depois passo a ver as opiniões outras em torno da mesma coisa. No entanto, no caso da política e da filosofia penso que é necessário saber o máximo possível sobre os assuntos antes de falar sobre eles. Cometo o erro de não fazer isso às vezes. A opinião pode sair espirituosa, pode sair bem construidinha; mas nunca completa. Nunca concilia todos os lados envolvidos.
No caso específico da política internacional, me parece arbitrário opinar sobre as guerras do Oriente ou sobre a personalidade de Barack Obama e Sarah Palin sem saber da visão de quem esteve próximo deles. No caso específico de Kant, é evidente de que vou partir de algum dado sobre o filósofo, provavelmente resumos do que se acredita ser o melhor que escreveu. Será um contato indireto e mastigado, e não sei como isso poderia me levar mais adiante no saber de Kant.
Creio que a crítica aos professores universitários é a esses que não consegue emitir uma opinião sequer sem uma biliografia preparada antes. Não há vigor de criação deles, mas compilam e distribuem a informação. Por fim, não posso concordar que um caminho seja melhor que o outro: são complementares.
Nagel, em parte isso é muito verdade. Por outro lado, não é tentar redescobrir a roda?
Abs,
P.S.: Comecei um movimento volta lado B!
Ah, seu movimento terá alguns adeptos, hehe. Muita gente reclamando.
Pronto, Igor.
Que coisa mais Schopenhauer...
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