quinta-feira, 7 de agosto de 2008

XI.
Onde, neste labiríntico jardim
ocultarei a face?
antes, além de mim,
havia outro, até que o matasse.

Que marca me darás? Quem me guardará
dos terrores eternos?
a terra em que pisar
não há de me queimar com seu inferno?

Estes prados desertos encherão
Os feros vingadores
Do sangue de seu irmão,
Atrás de quem de novo trouxe as dores

Para seu povo; a velha maldição
Torna amargo o mais doce
Fruto, e vermelho o chão.
Se diferente a minha pena fosse

Seria por um delito diverso:
o golpe com a destra
foi são, mas foi perverso.
A minha inveja, esta maior e mestra

culpável do que em mim se passou:
Por ela achei ruim
Tudo, mas não o que dou.
Um boi é um magnífico capim,

Apenas um magnífico capim!
Não vale quem suou
Sob sol tão quente assim,
Não amas, pois, quem a chuva molhou

E nem por isso desistiu de arar
O chão, mesmo no inverno;
Nada vale plantar?
Não nos negaste o alimento eterno?

De onde tiraríamos o pão
senão de entre os suores
e da abnegação,
senão pulando do leito aos albores?

Não somos prisioneiros de teu não?
Somos! Se assim não fosse
tocava-me o perdão,
agora – e também quando meu irmão

Meu ódio mereceu: Desde o berço
A ele tu adestras,
E tudo quanto exerço
Ele o faz melhor, e te seqüestra,

Senhor, com uns bezerros! E a mim
Que ofertei doutra classe
O que podia; assim
Me repudias! Onde a minha face

Ocultarei neste infernal jardim?

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