quarta-feira, 23 de julho de 2008

Lei Seca

No qual eu falo sobre um assunto que não interessa mais ninguém, e do qual ninguém quer saber minha opinião.

* Qual é minha opinião sobre a lei seca? Bem, sobre a lei seca só posso dizer, com a complacência maligna de um crente que não tem costume de beber, e tem sua vida social em nada afetada pela lei, exceto a probabilidade reduzida de ser atropelado numa esquina: Hahahahahaha.

* Bombom de licor. Já ouvi quatro pessoas reclamando que agora não poderão mais comer bombom de licor antes de dirigir. Minha pergunta é: de onde surgiu este repentino e insaciável apetite por bombons de licor? Antes desta lei passar vocês entupiam a boca de bombons? Entravam na doceria e pediam um para a viagem? Comiam fora e, para a sobremesa, pediam para ver o cardápio de bombons? Pode ser falta de observação minha, mas eu nunca tinha notado a importância do bombom de licor na experiência gastronômica- aliás, na vida alegre e normal- do brasileiro.

* A lei não é um exemplo de socialismo brasileiro, de comunismo, de qualquer coisa do gênero. Se você não achava "socialismo tupiniquim" o fato de existirem leis proibindo a direção com certa porcentagem de alcool no organismo, não pode pular agora e dizer que é sinal do comunismo. Se a sociedade pode proibir que um homem dirija após tomar uma garrafa inteira de whiskey, ela pode proibir que um homem dirija após beber um dedal de cerveja. Se você já concedeu ao governo o poder de dizer quanto um homem pode beber antes de dirigir, não vale reclamar agora quando o governo diz "Nada." E parem de falar como se a lei violasse seus direitos humanos. Dirigir uma máquina de metal que pode esmagar pessoas a 150 km por hora não é um direito humano inalienável, é um privilégio que precisa ser exercido com cuidado.

* Digo tudo isto, é claro, com a serenidade cruel de quem não sai para beber, mas já esteve em acidentes onde o outro motorista estava tropeçando de bêbado. É horrível concordar com o governo, mas ás vezes é inevitável.

Um comentário:

Gustavo Nagel disse...

João, minha resposta vem em forma de post. Em breve.