terça-feira, 1 de julho de 2008

A Missa Tradicional

A Missa Tradicional, chamada também Tridentina, de São Pio V, Latina, Gregoriana, Missa de Sempre, Missa Antiga (..), é a Missa da Igreja Católica Apostólica Romana em sua forma tradicional, isto é, de acordo com as formas canonizadas por São Pio V para marcar o ato positivo da Igreja que correspondia à condenação da reforma protestante, e em uso até a reforma litúrgica que instituiu o NOVUS ORDO MISSAE de Paulo VI em substituição ao Missal impresso sob o Beato Papa João XXIII.

Há várias diferenças de ordem teológica entre ambas, que podem ser estudadas em detalhe, consultando-se as fontes disponíveis e ouvindo o magistério da Igreja. No entanto, as diferenças mais comentadas são de ordem estética, ou seja, relacionados mais à forma que ao espírito. Como cremos com sinceridade, oramos com sinceridade: Portanto esta divisão entre forma e conteúdo é apenas conceitual, enquanto permanece a identidade entre devoção espiritual (a fé, a esperança e a caridade que nos movem) e devoção corporal (o idioma, a postura e os gestos que usamos).


Por que o Latim?

1) Porque o Latim é uma língua já não mais utilizada para a vida do dia-a-dia, ou seja, é uma língua estável. Não se pode dizer que seja língua morta enquanto for língua da igreja. Mas sendo estável, o significado de suas palavras e expressões não muda, e portanto as diferentes gerações sempre entenderam e entenderão tudo que se diz na Missa da mesma forma.

2) Porque o Latim é belo: Isso já era reconhecido muito antes de haver Missa, por vários povos do mundo inteiro. Para Deus deve-se dar o melhor; portanto, deve-se ofertar o sacrifício da Missa na mais bela língua disponível para este ato. Além disso, há palavras em Grego e Hebraico, além dos trechos já habitualmente falados em língua vulgar.

3) Porque o Latim é universal: Aquele que se habitue ao latim da Missa poderá entendê-lo em qualquer lugar do mundo, independente de entender a língua local ou não, e saberá que toda a Igreja reza com as mesmas palavras.

Por que o altar voltado ao oriente?

1) Porque o sacrifício da Missa é oferecido a Deus, então convém que o sacerdote, celebrando na pessoa de Cristo, se volte para onde Deus está, voltando-se para o crucifixo, para o sacrário e para o leste, onde nasce o “sol da justiça”.

2) Porque o sacrifício da Missa é oferecido por Cristo, primeiramente, e em seguida pelo Sacerdote associado à assembléia; portanto convém que o Padre e o Povo tenham conjuntamente os olhos postos no objetivo comum.

3) Porque o padre, voltado para a assembléia, corre o risco de ser tentado a personalizar em excesso sua celebração, quando na verdade deve despersonalizar-se para rezar in persona Christi (Na pessoa de Cristo, ou representando Cristo). O Sacerdote não deve exercer um papel de liderança e de influência; mas antes deve apresentar-se como servo escolhido de Deus, para maior ação do Cristo em sua vida, para máxima imitação do Cristo.


Por que a comunhão de joelhos, e na boca?

1) Porque o pão e o vinho eucarísticos somente preservam as aparências de pão e vinho, mas são Jesus Cristo, Nosso Senhor e Nosso Deus, em Corpo, Sangue e Divindade. E diante de Deus todo joelho se dobre.

2) Porque a língua é o órgão da palavra, e o que nos diferencia de toda a criação, fazendo-nos “logo abaixo dos anjos”; suas obras podem ser piores (calúnias, mentiras, ofensas, e tantas outras) que as das mãos, e também podem ser melhores: Instrução, Encorajamento, Oração... Convém tornarmos nossa boca santuário do Senhor, pois através da boca saem as coisas que temos no coração, então através da boca deve entrar Nosso Senhor para habitar em nossa alma.

3) Porque muitas pessoas mal-intencionadas abusam da liberdade concedida pela Igreja ao dar a comunhão na mão para roubar o corpo de Cristo para uso em rituais satânicos - e isto é mais freqüente do que possa parecer.


Depois de tudo isto, por que a Missa Tradicional?

A Missa tradicional é um tesouro da Igreja, desenvolvido desde a sua criação por Cristo Jesus, que teve sua forma regulamentada para proveito de todo o povo de Deus por São Pio V e São Pio X. Nenhuma de suas principais características exteriores pelas quais é considerada “diferente”, “ultrapassada” e outras ofensas foi oficialmente proibida pela Igreja; ao contrário, continuam sendo a norma, embora o que hoje se veja com maior freqüência seja a exceção.

Mas não deve ser assim. Devemos obedecer ao magistério e à tradição da Igreja da melhor e não da pior forma possível. Se a Igreja nos abre exceções e concede facilidades, devemos analisar se é por necessidade real ou por comodismo que as vamos usufruir.

A comunhão na boca, e de joelhos, por exemplo, torna mais demorada a Missa. Mas será verdade que todos os presentes na fila estão em situação adequada para a recepção da hóstia? Nenhum vive em pecado? Nenhum está sem confissão?E mesmo assim, se nos sacrifica esperar pela comunhão de todos os fiéis na Igreja, será que lembramos que Jesus sofreu flagelo e crucifixão durante quase vinte horas, e não ficou numa fila por vinte minutos? Será que oferecemos a Deus este sofrimento em reparação aos nossos muitos pecados?

Esta maneira de pensar nos leva à conclusão de que não precisamos, honestamente, abandonar a tradição.

A reforma litúrgica que se seguiu ao Concílio Vaticano II teve por fim obter uma maior participação dos fiéis na Liturgia. No entanto, isto não é vedado ao fiel que assiste uma Missa Tradicional! Há vários trechos dialogados e rezados pelos fiéis. Além disso, espera-se de cada presente na Missa uma atitude de adoração a Deus que é favorecida pela estrutura da mesma, pela beleza e simplicidade do canto, e pela atitude devota do celebrante.


Mas não foi proibida?

Nunca! Aquilo que foi costume por dois mil anos não pode ser crime de uma hora para outra. Aquilo que foi tesouro amado desde sempre não pode tornar-se opróbrio. O que foi holocausto agradável a Deus não pode ser ofensa.

A Missa em sua forma tradicional foi abandonada por muitos membros da Igreja, na intenção de torná-la mais atraente através da adaptação de suas maneiras às maneiras do mundo. E o resultado mais visível é que hoje já quase não se percebe diferença entre ser ou não católico, exceto pela presença na Missa dominical – que, ai de nós!, pouco se diferencia, muitas vezes, de um culto protestante ou de uma festa mundana.

Estamos neste mundo como Igreja Militante. Como fazer a vontade de Deus? Sendo sal da terra. Afirmando claramente as razões de nossa esperança. Mostrando a todos o Cristo Ressuscitado. Ele atrairá tudo a si, como Ele mesmo prometeu. A alegria de participarmos do corpo místico de Cristo será nosso maior argumento, e não a alegria vazia das danças e palmas. A Cruz de Deus será a nossa luz!

Viva Cristo Rei! Viva a Santa Una Igreja Católica, Apostólica, Romana!

5 comentários:

Unknown disse...

E eu, como pentecostal, sou todo a favor de cerimônias religiosas nas quais pessoas oram em línguas que a maioria desconhece. Viva a missa em latim!

Anônimo disse...

Schopenhauer adoraria a parte sobre o latim, rsss. || Não frequento missa nem sou pentecostal. Com relação às línguas estranhas, to com I Cor 14:9. Se é ininteligível, qual é o sentido?

Igor disse...

João, rama shabala iatagalha cartykaya miaza numaia.

Sara, não entendi bem pq Chope Enhauer adoraria a parte sobre o latim. Mas o Latim não é ininteligível, pelo contrário.

Obrigado pelos comentários!

Gustavo Nagel disse...

Talvez porque Schopenhauer amasse as línguas clássicas e achasse um verdadeiro absurdo que elas fossem deixadas de lado. Ele não gostava da idéia de os estudantes só terem acesso aos clássicos através de traduções, por exemplo. Talvez seja em função disso.

Anônimo disse...

Yep, Gustavo! É por isso mesmo. Morro de rir com os comentários do Schope... || Ainda sobre o latim: parece uma língua meio assustadora (quando falada).